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Na quarta-feira (19), véspera do feriado da Consciência Negra, ocorreu o encontro Raízes e Saberes: Conexão Ancestral, que celebrou a Semana da Consciência Negra de Morro Redondo. O evento contou com múltiplas atrações culturais como artesanato, dança, música e produções intelectuais.

Um dos destaques foi para a palestra “A trajetória de uma pesquisadora luterana quilombola: Hoje sou quem eu sou, graças aos que vieram antes de mim”, ministrada pela doutoranda Nara Beatriz Soares, de Canguçu, que compartilhou sua trajetória no quilombo e conscientizou sobre a importância da data, envolvendo diversos aspectos da contribuição dos povos negros na formação da história local. Ao final, houve interação com o público jovem, representado por alunos do Colégio Bonfim, que puderam fazer questionamentos e receber respostas da palestrante.

O evento oportunizou produções artísticas na Praça 12 de Maio, como artesanato em fibra de palha com Maria Helena Duarte da Costa, bonecas Abayomi com Jaqueline Castro Batista e tranças de cabelo afro com Joice Cristina Siqueira, atividades realizadas por moradoras de Morro Redondo.

A programação artística incluiu a apresentação do Grupo de Dança Pérola Negra do Quilombo Passo do Lourenço e arredores de Canguçu, seguida do show de abertura do Bloco Vó Ernestina Associação Quilombola, que animou o público presente. O encerramento da noite ficou por conta da experiente Banda Sapatinho, que empolgou e remeteu à memória de festividades entre os dois municípios, onde a banda atua há décadas.

Um dos momentos especiais do dia foi a volta do grupo Juntô Deu Nisso, grupos de samba e pagode de Morro Redondo. Durante o evento, houve mateada, copa e brechó, intermediados pelo Rotary Club do município. Registra-se o prestígio às atividades em nome do executivo, representado pela vice-prefeita Angelica Boettge dos Santos (PSDB).

Já na quinta-feira (20), foi realizada aula aberta de Capoeira no Instituto de Capoeira Angola (ICA), no Sítio Brilha Lua, na colônia Afonso Pena.

Cooperação é destaque na construção do evento

Conforme a chefe do Núcleo de Cultura da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto, Sabrina Waltzer, “neste ano tivemos diversas reuniões entre a comissão organizadora para elaborarmos o objetivo, que foi a fundamentação de um trabalho com perspectiva de se prolongar por anos, onde realizaremos essa conexão como um intercâmbio cultural da cultura negra de municípios próximos. O começo será com aqueles municípios que são similares no desenvolvimento sociocultural, como Canguçu, representado pela professora Odeane Schug Pereira e sua irmã Daiane Schug, ambas do Pérolas Negras, Márcio Zanetti da Secretaria de Saúde e Neiva Borges da Emater”.

Sabrina comentou sobre o sucesso da edição e futuros planos. “Após o evento, consegui vislumbrar um futuro onde muitas trocas culturais irão engrandecer a nossa cidade, onde as ações para a conscientização da nossa diversidade cultural irão proporcionar a força de vontade para que, juntos, possamos construir um município, um Brasil e um mundo melhor”, disse.

A vereadora Vivian Rickes Rosa (PSDB) destacou o momento de resgate que o município viveu com eventos como esse. “A Semana da Consciência Negra em Morro Redondo é sempre um momento de resgate, memória, reflexão e pertencimento. Uma semana que nasce da lei que tive a honra de propor e ver aprovada, garantindo que nossa cidade tenha, todos os anos, um espaço oficial para valorizar a cultura negra, seu legado e sua luta”, pontuou.

Ainda, a museóloga Kamile Muller, do Museu Histórico de Morro Redondo, vê a experiência como algo enriquecedor para si. “A programação trouxe reflexões profundas sobre ancestralidade, identidade e pertencimento, além de mostrar esse diálogo entre gerações”, exaltou a servidora, que enxerga no evento um momento essencial para reforçar o compromisso com a memória e a cultura negra.

Odeane Schug Pereira, quilombola e professora da Rede Municipal de Ensino, relatou que as atividades foram repletas de aprendizados, reflexões e trocas de experiências significativas. “Tive a honra de compartilhar um pouco da história de vida de Dona Ernestina Mendes Dias Pinto Dutra, personalidade que dá nome ao quilombo ao qual pertenço, o Quilombo Vó Ernestina. Contar sua trajetória é sempre uma forma de manter viva sua memória, sua força e sua importância para nossa comunidade e para a construção da identidade quilombola em nosso município”, falou.

A organização do evento ficou à cargo da Prefeitura, por meio do Núcleo da Cultura da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SMECD). Também houve parceria com o Grupo de Mulheres Quilombola Pérolas Negras, Museu Histórico de Morro Redondo, Câmara de Vereadores, Emater/RS-Ascar, Associação Quilombola Vó Ernestina, Rotary Club, Sonorização Styllus e ICA.

Galeria de fotos neste link  https://www.jornaltradicao.com.br/morro-redondo/cultura/celebracao-da-cultura-negra-em-morro-redondo-reune-comunidade-em-evento-com-multiplas-atracoes/?fbclid=IwY2xjawOYFbBleHRuA2FlbQIxMQBzcnRjBmFwcF9pZBAyMjIwMzkxNzg4MjAwODkyAAEeGy3D1juXW264ssYhq4sKxpFaiUwGBsgX-fH1TdxDM94t-rL3uAFOUJMLXbI_aem_PEp27lfdmsiJgGK3plbTcg